4.12.07

porque sou corintiano e fiquei feliz com o rebaixamento

Sou corintiano e queria, sinceramente, que o Corinthians caísse. Por esse pequeno fato, estou feliz; pelo quadro todo, o absurdo desse processo endêmico que culminou nesse final de semana, é óbvio que estou triste.

Hoje em dia, não enxergo sentido em torcer por um time de futebol. Como achar identificação em plantéis que mudam a cada 6 meses, ou em torcedores dos mais diversos substratos sociais, sem qualquer tipo de valor principal, coesivo, maior do que cada indivíduo. Não há uma causa por trás de um brasão. Não há mais times de operários, times de uma cidade - com jogadores e comissão técnica nascidos lá -, times com algum traço de personalidade - esse é sofisticado; aquele, aguerrido. Por isso, após a correnteza adolescente de debates em classe de aula e programas futebolísticos em família, já não torcia muito para o Corinthians.

Mas o tempo ainda piora a situação: constanto, cada vez mais, que perder a cabeça com algo tão inócuo aproxima-se de fanatismo religioso. É culto ao nada ou desculpa para submergir-se na anonimidade do coletivo e agir feito um animal, arrumando brigas em bares, jogando copos de urina nos outros e vivendo extremos emocionais que carecem de qualquer racionalidade. As pessoas realmente precisam de manuais, códigos e protocolos; mais importante, precisam fazer parte de algo, sempre.

Mas, especialmente, não me importei com o descenso do Corinthians porque, na minha cabeça, torcer para ele seria como compactuar com tudo aquilo que mais desprezo: corrupção, sujeira, práticas escusas. Torcer para a obra dessa administração seria como torcer por traficantes, sequestradores, estelionatários. Não, eu não quero o sucesso dessa gente, nem dessa escola antiquada da malandragem que macula o futebol brasileiro. Qualquer tipo de castigo - prisão, exclusão ou uma queda para a segunda divisão - cai bem aos meus olhos para bandidos.

Tenho dó dos jogadores, que não faltaram com esforço, mas recursos técnicos. E, óbvio, tenho alguma pena da torcida, que realmente, mesmo que de forma cega, dedica sua vida à bandeira alvinegra. Mas, nesse final de semana, creio que houve justiça, mesmo que por uma vez, no nosso futebol.

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