24.1.07

casa de ferreiro, espeto de pau


Este sujeito pacato da foto é o lendário Yanni, grande luminar da música new age. Você deve conhecê-lo como autor de hinos das esperas telefônicas e salas de espera de dentista, estrela de videoclipes dignos de papel de parede de videokê e mensageiro da paz espiritual. Não dá para acreditar na existência de qualquer forma de tormento por trás dessa cara de picolé.

Pois bem, essa fotografia foi tirada em uma delegacia de Palm Beach, para a qual Yanni foi levado após bater em sua companheira. A história: uma discussão acalorada entre as partes degringolou de tal forma que o bigode resolveu chutar a mulher para fora da casa dele, literalmente.

Até aí, são coisas da vida - quantos são os casos de homens covardes açoitando suas mulheres? O que torna a história suculenta são os detalhes do acontecimento.

A moça, de fato, acatou a decisão de Yanni e pôs-se a enfiar suas coisas em uma mala. Isso, entretanto, não era suficiente para ele, que então bradou:

"Você é um lixo. Deveria levar suas coisas em um saco de lixo."

Uh! Um comentário deveras ofensivo e humilhante, mais do que adequado para mostrar à insolente quem é o chefe.

Mas Yanni não é um homem de palavras, e sim, de ações. Logo, pegou a mala da mulher, jogou suas coisas no chão e trouxe um saco de lixo, literalmente, para que ela fizesse sua mudança.

UH!

Moral da história: nunca arrume briga com um daqueles vendedores de flautinhas peruanas no centro. A casa VAI cair para o seu lado.

23.1.07

your world. sorry about that.



Achei genial essa página-sátira do Second Life.. O nome do jogo em questão é Get a First Life, inspirado pela clássica expressão em inglês, get a life, recado básico para gente sem ter coisa melhor para fazer.

Dentre os features oferecidos ao jogador, constam:
- A possibilidade de fornicar com os próprios genitais;
- A elaboração do visual do seu personagem "Get a First Life" utilizando as roupas do seu armário;
- Um sistema de busca para encontrar o local real onde você mora.

Tudo isso e muito mais, em um mundo 3D e sem lags!

Por isso que sempre exalto a eficiência da ironia como meio de passar uma mensagem. Ainda bem que existem mais pessoas tão incomodadas com o Second Life quanto eu, e bem mais capazes de darem um recado efetivamente.

gozado, no mínimo

"Pornography has long helped drive the adoption of new technology, from the printing press to the videocassette. Now pornographic movie studios are staying ahead of the curve by releasing high-definition DVDs.

But they have discovered that the technology is sometimes not so sexy. The high-definition format is accentuating imperfections in the actors — from a little extra cellulite on a leg to wrinkles around the eyes."


Leia o resto aqui.

O mais engraçado é o diretor cafa que atende pelo nome de Joone:

"Joone does not use a last name, but he does use a number of techniques to keep his films blemish- free. They include giving out lifestyle tips.

"I tell the girls to work out more, cut down on the carbs, hit the treadmill.""


Existe alguma diferença entre um cafetão e um diretor de filme pornô? Ambos usam anéis, bengala, chapéus com pena e sapatos brancos; ambos se envolvem com suas subordinadas e/ou com drogas; ambos exercem um criterioso controle de qualidade na performance da sua mercadoria - especialmente o diretor, sempre presente no quarto, piscina, banheira, barco ou praia onde a transação ocorre.

O que realmente distingue um diretor pornô de um cafetão é que o primeiro não bate em suas funcionárias, somente porque elas agora fazem parte de um sindicato.

17.1.07

essa foto tá massa

fernando vanucci fazendo escola

Paula Abdul: namoradinha dos EUA, jurada boazinha do American Idol, ex-cheerleader dos Dallas Cowboys e cantora de clássicos como Straight Up e Rush, Rush. Uma reputação na mídia que levou 25 anos para ser construída. E apenas 2 minutos para ir por ralo abaixo.



E o que seria um bafafá restrito à região de Seattle, tornou-se um fenômeno mundial de mídia. Tem coisas que só o YouTube faz para você.

Por sinal, não sei o que ela e o Vanucci tomaram para ficarem desse jeito, mas o negócio parece forte. Para chegar na manhã nesse estado, tem que ter muita pólvora nesse rojão.

16.1.07

desvio-padrão

você já viu esse filme antes












Alguém aí já viu The Burg? Havia lido sobre, mas nunca tinha parado para assisti-lo. Hoje, 5 meses depois, criei vergonha na cara e vi o primeiro episódio, The Cred. Achei bem bom.

Para quem não conhece, The Burg é um sitcom feito somente para a Internet, que retrata a vida de 5 amigos no bairro de Williamsburg, reduto trendsetter de NY e lar de gente indie, alternativa e muderna, com camisetas de brechó, gosto por bandas obscuras e constante preocupação com a opinião dos outros.

O episódio que vi é irônico até o fim e tira sarro do modus operandi dessa cena. Sim, a descrição soa clichê, mas o sitcom é especial porque é uma sátira apaixonada feita por gente que pertence à cena e ama tudo o que ela tem a oferecer, sem no entanto perder a capacidade de olhar no espelho e rir de si.

*Por sinal, minha admiração por pessoas capazes de tirar sarro de si próprias aumenta a cada dia, mas isso é conversa para outro momento.*

Como são estranhos os dias de hoje, não? Basta uma câmera, alguns amigos, um domínio e uma boa idéia para conseguir criar um fragmento de relevância cultural para alguém do outro lado do oceano - sem intermédio de grandes grupos de comunicação, presença de grandes marcas e casting de atores/modelos ou bandas major. Não importa quão nichada, barata ou extravagante seja a produção, sempre existirá alguém do outro disposto a apreciá-la.

Para mim, essa nova realidade não representa alguma mudança comportamental da audiência: a semente da excentricidade sempre esteve presente em nós. O fato é que ela nunca brotou devido à falta de escolha decorrente da mídia em massa.

Com a possibilidade de divulgação/transmissão de conteúdo na Internet, acho que as pessoas tornar-se-ão mais excêntricas. Poderão ver de tudo, quando quiserem, para então definirem as coisas específicas das quais gostam, e aprofundarem-se nelas. Dá até para enxergar o dia em que o excêntrico será o centro; a pessoa normal, a esquisita.

Dá para vislumbrar também o crescimento da cultura de turmas, tribos (argh) e cenas. O advento da oferta total de cultura na Internet ironicamente restringirá a cabeça das pessoas. Todos serão especialistas culturais, fanáticos por seus próprios nichos e sociáveis apenas àqueles com os quais compartilham gostos. Julgarão que conhecer outros assuntos ou pessoas será perda de tempo. Isso dá medo. Imagina lidar com uma sociedade ainda mais calcada em radicalismos, idéias fixas e irracionalidades? Cruzes.

15.1.07

música para os ouvidos

Sabe aqueles momentos de empolgação genuína ao ouvir uma banda nova e não acreditar nos próprios ouvidos? Por alguma razão, as pessoas costumam restringir essa sensação à adolescência.

Você já ouviu um dos inúmeros chavões associados à volatilidade emocional do jovem quando em contato com a música: movimento punk, teenage riot, teen angst, smells like teen spirit.. Mas quem disse que a vontade de gritar, a sensação de peito cheio e a vontade de pegar uma guitarra, quando despertados pela música, devem ser privilégios exclusivos de adolescentes cheios de espinhas? Música é música, ponto. Se você gosta dela, sua idade não mudará o seu entusiamo por ela...

Somente agora, jovem adulto que sou, olho para trás e vejo como minha relação com a música mudou profundamente com o passar dos anos. Os clichês do passado nunca soaram tão verdadeiros.

Aquela supracitada sensação despertada pela música? No passado, passava por ela semanalmente; hoje em dia, ouço tudo de forma tão cautelosa e crítica, que acabo perdendo a experiência emocional dessa primeira audição, capaz de deixar sua boca aberta, sua mente confusa, sua voz engasgada, desesperada por não ser suficiente para anunciar ao mundo a sua descoberta.

Bem, tive um momento adolescente nessa semana: sai completamente do eixo ao ouvir Foreign Born. Eles são uma banda da Califórnia, procedência um tanto surpreendente para o tipo de som que fazem: vocal e guitarras com reverb e outros efeitos, camadas de acordes e um pé firme no shoegazing.

Chama a atenção como o Foreign Born consegue partir de uma fórmula já batida para forjar um som infinitamente mais propulsivo, sem perder a beleza etérea peculiar dos nossos amigos olhadores de sapato.

Sabe quem fazia isso bem e deve ser influência em cheio da banda? O U2 de outrora, antes do Bono ficar com a cabeça gigante e complexo de messias. O dom para hinos é o mesmo, certamente, como dá para perceber nessa música, ó:

Foreign Born - It Grew on You. (clicar com o botão esquerdo)

E não é que a adolescência faz falta?

12.1.07

deixa o homem não acreditar

Segue um trecho da coluna do Hélio Schwartsman sobre o livro God Delusion, de Richard Dawkins, na Folha. Vale ler na íntegra.

"Por que os textos usados nas escolas dominicais podem ter caráter doutrinário e uma defesa do ateísmo não? Por que, pergunta-se o autor, devemos aceitar a convenção social segundo as quais idéias religiosas devem ser respeitadas? Uma idéia idiota é sempre uma idéia idiota, não importando o campo semântico em que seja proferida. Por que podemos afirmar sem nenhum problema que determinada tese científica, econômica, ou jurídica é imbecil, mas, se ousamos dizer o mesmo em relação a uma "verdade religiosa", somos tachados de intolerantes e quem sabe até processados?

Se alguém nos dissesse acreditar que brotou de uma árvore e que sempre que segura sua caneta ela se transforma num coelho voador, teríamos boas razões para duvidar da sanidade desta pessoa. Por que então não tratamos como louco o católico que afirma que Jesus nasceu sem pai biológico, de uma mãe virgem e que, toda vez que se celebra uma missa, o vinho se torna sangue e um tipo esquisito de biscoito se converte no corpo do homem?"


Coerência deveria ser uma prerrogativa para o convívio social, não?

O maior preconceito religioso de todos é ironicamente aquele voltado ao ateu, sujeito que apenas se abstém de toda essa bagunça.

Nunca vi um ateu fanático, capaz de engalfinhar-se com um devoto de alguma religião. São sujeitos conformados, pacíficos, quase apáticos, cujos ataques por diferença ideológica não passam de uma tirada sarcástica aqui ou uma cara de desgosto ali.

Entretanto, na cabeça maluca dos religiosos, pior do que acreditar em um outro deus, é acreditar em nenhum.

Fala sério: o sujeito da religião ao lado prega sua danação eterna no inferno por não compartilhar de sua crença, mas você tem mais ódio do ateu - alguém que não quer te ver em agonia, sendo sodomizado pelo cramunhão -, cujo crime consiste na crença (pessoal, veja bem) da não-existência de um deus ou de um paraíso.

11.1.07

lamarckismo

Quando essa cambada de jornalistas preguiçosos parará de hypar o lixo do Second Life? Será que ninguém percebe que se trata de UM MALDITO CHAT?!? São as mesmas mentiras, as mesmas tentativas frustradas de ser quem você não é, a mesma falta do que fazer, a mesma covardia de encarar o mundo real à sua volta, mas ainda com um agravante: CUSTA DINHEIRO.

Chat do UOL / IRC = coisa de nerd.
Second Life? Ah, coisa avant-garde, para trendsetters, donos de uma nova linguagem, encantados pelo advento de uma vida virtual paralela à real. Gente à frente da curva.

Potencialmente, nossa geração vindoura será de idiotas, atrofiados, paranóicos. Gente sem iniciativa, incapaz de pôr a mão na massa ou até mesmo de reproduzir-se. Gente sem capacidade de agir em um mundo físico que deixaria de importar.

Sorte a nossa que ainda existem pessoas para enterrar cabeças dos nerds na privada. Louvados sejam os jocks/bullies, guerrilheiros dispostos a impedir o potencial estabelecimento dessa realidade alternativa como status quo. Enquanto eles existirem, estaremos a salvo.

10.1.07

falou e disse

"Those works created from solitude and from pure and authentic creative impulses - where the worries of competition, acclaim and social promotion do not interfere - are, because of these very facts, more precious than the productions of professions. After a certain familiarity with these flourishings of an exalted feverishness, lived so fully and so intensely by their authors, we cannot avoid the feeling that in relation to these works, cultural art in its entirety appears to be the game of a futile society, a fallacious parade."
Jean Dubuffet

9.1.07

entubada

A Cicarelli fornicou em espaço público. Não houve invasão de privacidade. Não tinha um paparazzi subindo em muros e tirando fotos da moça fazendo topless na própria piscina ou algo que o valha. Simplesmente alguém estava lá, na praia, e registrou a moça e o seu namorado fazendo a sacanagem.

Se alguém quiser tirar proveito comercial do registro, Cica, manda ver no processo - ou faça um acordo e encha o bolso. Agora, querer impedir a propagação do material pela internet bloqueando indiscriminadamente o acesso ao YouTube é uma piada. Trata-se de uma ofensa à liberdade de expressão e ao direito (agora virtual) de ir e vir de TODOS. E o pior é que não funcionará - existem novecentos sites de vídeo, blogs e e-mails com o arquivo da sacanagem, sem vínculos ao YouTube.

Relaxa e goza, Cica. Pelo menos, você estava bem naquele biquini.

tirei férias

Eu merecia, vai.

Por sinal, talvez tenha largado o blog durante esse período para ter alguma prova da minha viagem à praia. Certamente não seria o meu bronzeado - não pego cor nem por decreto.

P.S.: feliz 2007?!?