Acidentes nas estradas, latrocínios, não-atendimento em hospitais públicos. A leviandade governamental sempre causou mortes, mas de forma indireta. O dinheiro escoado da saúde, da educação, da infra-estrutura e da segurança pública eventualmente repercute em óbitos, mas estes pouco chocam a população: a concatenação causa-efeito é difícil; as mortes, mesmo constantes, são pulverizadas, silenciosas, sem fogos de artifício; a culpa sempre sobra para um coletivo indefinido, o sistema, eles - cadê a cara do bandido para cuspirmos nela?
Agora, vejam só, chegamos ao ponto em que politicagens, propinas, birras e interesses pessoais causam, diretamente, a morte das centenas de pessoas envolvidas na tragédia do vôo 3054, da TAM.
A situação não é tão extraordinária quanto parece. Brasileiro é leviano, egoísta, preguiçoso. O mesmo princípio do sujeito que fura fila, joga lixo na rua e pára na faixa de pedestres está aí, intacto, apenas em um cenário extremo, no qual as ações têm consequências magnificadas. Por que achar que a turminha envolvida nessa história não agiria conforme o que vemos nas ruas, todos os dias? A podridão vem do berço, endêmica, alimentada por um círculo vicioso de práticas e valores inconsequentes, de pai para filho, de colega para colega, de patrão para empregado.
Tento fazer a minha parte, todos os dias, sem exceções. Não roubo, não mato, não tiro vantagem, respeito as pessoas, trabalho para ganhar o meu dinheiro, poluo pouco, reciclo. Até pago os impostos, mesmo contrariado. No Brasil, país dos espertos, sou o chamado "tonto". Mas bastava saber que estava provavelmente certo na minha postura. Não mais.
Hoje, quero ir embora desse país. Quero que esses ufanistas do Pan fiquem aqui, para trás, levando bala perdida, caindo de avião, pagando imposto para nada, enquanto cantam o Hino Nacional, bebem uma caipirinha e acham que deus é brasileiro.
18.7.07
esse país não dá valor à vida
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