15.1.07

música para os ouvidos

Sabe aqueles momentos de empolgação genuína ao ouvir uma banda nova e não acreditar nos próprios ouvidos? Por alguma razão, as pessoas costumam restringir essa sensação à adolescência.

Você já ouviu um dos inúmeros chavões associados à volatilidade emocional do jovem quando em contato com a música: movimento punk, teenage riot, teen angst, smells like teen spirit.. Mas quem disse que a vontade de gritar, a sensação de peito cheio e a vontade de pegar uma guitarra, quando despertados pela música, devem ser privilégios exclusivos de adolescentes cheios de espinhas? Música é música, ponto. Se você gosta dela, sua idade não mudará o seu entusiamo por ela...

Somente agora, jovem adulto que sou, olho para trás e vejo como minha relação com a música mudou profundamente com o passar dos anos. Os clichês do passado nunca soaram tão verdadeiros.

Aquela supracitada sensação despertada pela música? No passado, passava por ela semanalmente; hoje em dia, ouço tudo de forma tão cautelosa e crítica, que acabo perdendo a experiência emocional dessa primeira audição, capaz de deixar sua boca aberta, sua mente confusa, sua voz engasgada, desesperada por não ser suficiente para anunciar ao mundo a sua descoberta.

Bem, tive um momento adolescente nessa semana: sai completamente do eixo ao ouvir Foreign Born. Eles são uma banda da Califórnia, procedência um tanto surpreendente para o tipo de som que fazem: vocal e guitarras com reverb e outros efeitos, camadas de acordes e um pé firme no shoegazing.

Chama a atenção como o Foreign Born consegue partir de uma fórmula já batida para forjar um som infinitamente mais propulsivo, sem perder a beleza etérea peculiar dos nossos amigos olhadores de sapato.

Sabe quem fazia isso bem e deve ser influência em cheio da banda? O U2 de outrora, antes do Bono ficar com a cabeça gigante e complexo de messias. O dom para hinos é o mesmo, certamente, como dá para perceber nessa música, ó:

Foreign Born - It Grew on You. (clicar com o botão esquerdo)

E não é que a adolescência faz falta?

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