16.1.07

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você já viu esse filme antes












Alguém aí já viu The Burg? Havia lido sobre, mas nunca tinha parado para assisti-lo. Hoje, 5 meses depois, criei vergonha na cara e vi o primeiro episódio, The Cred. Achei bem bom.

Para quem não conhece, The Burg é um sitcom feito somente para a Internet, que retrata a vida de 5 amigos no bairro de Williamsburg, reduto trendsetter de NY e lar de gente indie, alternativa e muderna, com camisetas de brechó, gosto por bandas obscuras e constante preocupação com a opinião dos outros.

O episódio que vi é irônico até o fim e tira sarro do modus operandi dessa cena. Sim, a descrição soa clichê, mas o sitcom é especial porque é uma sátira apaixonada feita por gente que pertence à cena e ama tudo o que ela tem a oferecer, sem no entanto perder a capacidade de olhar no espelho e rir de si.

*Por sinal, minha admiração por pessoas capazes de tirar sarro de si próprias aumenta a cada dia, mas isso é conversa para outro momento.*

Como são estranhos os dias de hoje, não? Basta uma câmera, alguns amigos, um domínio e uma boa idéia para conseguir criar um fragmento de relevância cultural para alguém do outro lado do oceano - sem intermédio de grandes grupos de comunicação, presença de grandes marcas e casting de atores/modelos ou bandas major. Não importa quão nichada, barata ou extravagante seja a produção, sempre existirá alguém do outro disposto a apreciá-la.

Para mim, essa nova realidade não representa alguma mudança comportamental da audiência: a semente da excentricidade sempre esteve presente em nós. O fato é que ela nunca brotou devido à falta de escolha decorrente da mídia em massa.

Com a possibilidade de divulgação/transmissão de conteúdo na Internet, acho que as pessoas tornar-se-ão mais excêntricas. Poderão ver de tudo, quando quiserem, para então definirem as coisas específicas das quais gostam, e aprofundarem-se nelas. Dá até para enxergar o dia em que o excêntrico será o centro; a pessoa normal, a esquisita.

Dá para vislumbrar também o crescimento da cultura de turmas, tribos (argh) e cenas. O advento da oferta total de cultura na Internet ironicamente restringirá a cabeça das pessoas. Todos serão especialistas culturais, fanáticos por seus próprios nichos e sociáveis apenas àqueles com os quais compartilham gostos. Julgarão que conhecer outros assuntos ou pessoas será perda de tempo. Isso dá medo. Imagina lidar com uma sociedade ainda mais calcada em radicalismos, idéias fixas e irracionalidades? Cruzes.

1 comment:

Denis Mani said...

O cara de Wall Street parece o Martin Short.