12.1.07

deixa o homem não acreditar

Segue um trecho da coluna do Hélio Schwartsman sobre o livro God Delusion, de Richard Dawkins, na Folha. Vale ler na íntegra.

"Por que os textos usados nas escolas dominicais podem ter caráter doutrinário e uma defesa do ateísmo não? Por que, pergunta-se o autor, devemos aceitar a convenção social segundo as quais idéias religiosas devem ser respeitadas? Uma idéia idiota é sempre uma idéia idiota, não importando o campo semântico em que seja proferida. Por que podemos afirmar sem nenhum problema que determinada tese científica, econômica, ou jurídica é imbecil, mas, se ousamos dizer o mesmo em relação a uma "verdade religiosa", somos tachados de intolerantes e quem sabe até processados?

Se alguém nos dissesse acreditar que brotou de uma árvore e que sempre que segura sua caneta ela se transforma num coelho voador, teríamos boas razões para duvidar da sanidade desta pessoa. Por que então não tratamos como louco o católico que afirma que Jesus nasceu sem pai biológico, de uma mãe virgem e que, toda vez que se celebra uma missa, o vinho se torna sangue e um tipo esquisito de biscoito se converte no corpo do homem?"


Coerência deveria ser uma prerrogativa para o convívio social, não?

O maior preconceito religioso de todos é ironicamente aquele voltado ao ateu, sujeito que apenas se abstém de toda essa bagunça.

Nunca vi um ateu fanático, capaz de engalfinhar-se com um devoto de alguma religião. São sujeitos conformados, pacíficos, quase apáticos, cujos ataques por diferença ideológica não passam de uma tirada sarcástica aqui ou uma cara de desgosto ali.

Entretanto, na cabeça maluca dos religiosos, pior do que acreditar em um outro deus, é acreditar em nenhum.

Fala sério: o sujeito da religião ao lado prega sua danação eterna no inferno por não compartilhar de sua crença, mas você tem mais ódio do ateu - alguém que não quer te ver em agonia, sendo sodomizado pelo cramunhão -, cujo crime consiste na crença (pessoal, veja bem) da não-existência de um deus ou de um paraíso.

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