4.12.06

don't bore us - get to the chorus!

Gosto de pensar sobre como foi o processo de composição e gravação de alguns dos meus discos favoritos. Loveless, Daydream Nation, Crooked Rain, Crooked Rain... Grandes álbuns, prováveis grandes histórias.

O que há por trás de toda essa genialidade enclausurada em plástico? Quem foi decisivo no rumo que cada música tomou? De onde veio a inspiração para a composição das faixas? Quem deu mais chiliques? Quem Kubrickou, peitou a gravadora e exigiu o final cut do disco?

A idéia de ter esse conhecimento, entretanto, torna-se muito mais atraente quando penso sobre discos nem tão geniais assim.

O pop deslavado, formuláico e radiofônico deve saber rir de si próprio. Tenho o mais absoluto respeito por artistas cientes disso. Eles são poucos, ante os muitos que tratam sua música como obra-de-arte e discutem conteúdo e significado, para depois tirarem fotos sexy(ies), cheias de caras e bocas, para o encarte do CD, a revista de fofoca, o perfil do myspace.

Você já viu essa história antes: boybands dizem que amadureceram, cantoras teen juram que ajudaram na composição de suas novas músicas e bandas de pop-rock citam influências nebulosas para um novo disco, idêntico ao anterior.

Acompanhar a comédia não-intencional dessa gente se levando a sério seria puro ouro televisivo - imaginem um programa que exibisse um sujeito pretensioso como o Lenny Kravitz, compondo e defendendo ideologicamente Fly Away. Vocês sabem, aquela música cujo refrão pontua:

"I want to get away
I wanna fly away
Yeah
Yeah
Yeah

I want to get away
I wanna fly away
Yeah
Yeah
Yeah
Oh yeah"

Um documentário disso, comandado por um entrevistador bem cínico, seria mágico. Imaginem as possibilidades:

Entrevistador: "Ah, essa música é sobre o eterno desejo humano por fuga, né, Lenny?"
Lenny: "Sim, claro, essa vida é muito dura e, às vezes, sentimos vontade de esquecer os problemas e mandar tudo pelos ares."
Entrevistador: "Por isso que você se droga tanto."
(silêncio constrangedor)

No comments: