31.5.07

uma carta aos fernandos que são araújos

Resolvo pesquisar o meu nome no Google e acabo em centenas de outros Fernandos que são Araújos. Um é ministro das Relações Exteriores; outro, violinista; o restante divide-se entre pilotos, físicos, tenistas, militares, padres. Muitos de Portugal.

Onde será que fico em meio a tantos homônimos? Certamente não sou o Fernando Araújo mais renomado, brilhante ou engraçado. Melhor não pensar muito nisso...

E o nome em comum, implica em similaridades entre nós? Afinal, fomos tratados e dirigidos sempre pelo mesmo código fonético, durante anos e anos. Vocês representam a descrição sintética de quem sou, o título pelo qual sou conhecido, a minha forma simbólica. Certamente temos peculiaridades somente nossas, esculpidas pelo tal poder da palavra - talvez os Fernandos Araújos sejam notórios estaladores de dedos ou tranquem todas as portas que encontrem no caminho.

Não nego o meu egocentrismo em achar que sou a matriz de tudo, e vocês, realidades alternativas, tangentes de quem sou. Partiram de um mesmo ponto de partida, o nome, mas trilharam seus próprios caminhos de sucessos e fracassos, uma encruzilhada por vez: local de nascimento, família, escola... Uma pausa para observar um pássaro e, pronto, surge o Fernando Araújo padre; um embarque impaciente naquele ônibus lotado e, bingo, nasce o Fernando Araújo banqueiro.

Se você, Fernando que é Araújo, estiver lendo essa carta porque também buscou saciar sua curiosidade no Google, fico feliz. Espero que a vida venha tratando-lhe bem. Suas felicidades realizadas são a minha em potencial. E melhor que o meu nome seja uma benção, não uma maldição. Um tanto idiota, claro, mas olha quanta gente por aí que se acha grande coisa por dividir o signo com algum global. Um nome tem que ter mais significado do que isso.

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