22.12.07

sexo casual

"An alarming new study published in the International Journal of Sexual Health reveals that casual sex, the practice of engaging in frequent, spontaneous sexual encounters with new and exciting partners, may only provide unimaginable pleasure and heart-pounding exhilaration for, at most, 25 to 30 years.".

A constatação, claro, está nesse artigo do The Onion.

7.12.07

trava-língua

Fernando Henrique Cardoso disse o seguinte: "Sabemos falar muito bem a nossa língua (...). Queremos brasileiros melhor educados (sic), e não brasileiros liderados por gente que despreza a educação, a começar pela própria."

Nos posts abaixo, segue o debate via e-mail que tive com o Pedro. Cada postagem equivale a uma mensagem. São dois pontos-de-vista absolutamente distintos, porém válidos. A beleza de um blog está justamente na ausência das amarras da imparcialidade. Como textos opinativos fazem falta!

trava-língua - pedro I

Qual a razão de inserirem como critério político a gramática de um sujeito? Ou o uso incorreto dela? Atacar a "inteligência" de alguém é até aceitável, mas através de erros de português é no mínimo ingênuo. Já está bem claro que nosso presidente continua errando e saindo nas pérolas da Veja, mas a oposição não percebe que eles só colaboram para o sucesso da mensagem que ele quer passar? Língua tem que aproximar o eu do outro e não há maneira mais convincente do que através de uma gramática natural. Ainda mais para o nosso país. O "mal" uso da gramática é um recurso linguístico evidente do Lula para gerar identificação com seu público, pois a mensagem dele adquire um teor muito maior de inteligibilidade. Se pegássemos qualquer discurso do Lula íriamos deparar com exemplos de um senso comum terrível, que contudo vão ao encontro de um sem-número de pessoas. Língua deve ser inclusiva e gramática ao meu ver exclui os que não têm domínio sobre ela. E presidente não é técnico, não precisa estudar Sociologia, muito menos Filosofia pra saber governar.
A imprensa não cai no truque não, provavelmente a que está aí teve uma formação "pasqualiana" idiota, gramaticista e capaz de confirmar uma briga gigante que meus professores de esquerda têm com o direito que, a saber, é a tal "manutenção de poder através da linguagem" no Judiciário.

trava-língua - fernando I

Concordo que a língua deva ser inclusiva. Não suporto os códigos do Direito, de fato, jogados a esmo em qualquer frase para intimidar o público comum e valorizar o ofício do advogado. Mas não acho que ela deva ser ERRADA. Não são aqueles com conhecimento da língua que precisam errar de propósito - basta serem claros. Cabe a TODOS saber falar e escrever corretamente, para comunicar-se com precisão, interpretar e usufruir de qualquer conhecimento oral e escrito, e, claro, estar em condições parelhas com o restante do mercado profissional. E considero sua análise superficial porque a língua é só um símbolo de uma questão maior: o desdém pelo estudo e formação. Ter a possibilidade do estudo e escolher em não exercê-la é um absurdo; bradar a ausência de aprimoramento, conhecimento e informação como algum tipo de virtude é ridículo.

Por fim, gostaria de sugerir um exercício. Em duas realidades alternativas, o mesmo sujeito é presidente: em uma, ele possui formação superior em, sei lá, economia, direito ou sociologia; na outra, largou a escola no ginásio. Você acha que a competência deles seria rigorosamente equivalente?

trava-língua - pedro II

Jamais caberá a todos praticar o uso correto de uma gramática quando não são dadas às ferramentas necessárias para a aquisição deste status. Insisto em deslocar a discussão para o público-alvo do Lula, classe baixa no caso, em constante discrepância, seja linguística, seja sócio-econômica, com as classes média e alta da sociedade. Quando tratamos deste público, não há nenhum dever social em cumprir com determinados tipos de regras gramaticais, mesmo porque ou elas são desconhecidas, ou mal aprendidas. Além de soarem até arrogantes em certos ciclos sociais. Nas outras classes, ao contrário, há este pressuposto de que tendo maior acesso e conhecimento gramatical da língua devo cumprir determinadas regras, que por sinal é válido. O problema é que ele não é critério de hierarquização da linguagem. É idiota pensar que quanto mais a língua se aproxima da gramática melhor ela aparenta. Precisão, interpretação correta e bom usufruto da língua não requer o condicionamento dificultoso da nossa gramática, mas sim a tal inteligibilidade que tanto é esperada pelo interlocutor. E não, esses critérios não necessariamente constituem uma mensagem inteligível, o contexto e a naturalidade pela qual a língua é falada sim.
Prefiro continuar raso do que ter que "aprofundar" a discussão para um argumento estúpido e disseminado pelos próprios meios de comunicação. Esse do tipo "Lula diz que não precisa estudar". Além dele não ter importância social alguma e, também, ensejar ainda mais ódio ao nosso presidente, ele não se desdobra em políticas públicas avessas à educação, ou um "desprezo" quanto ao repasse financeiro destinado a este setor. Para os que dizem que este tipo de declaração, se é que existe, pode "contaminar" as pessoas que se "espelham" no presidente para "crescer na vida", tornando-as acomodadas e prostadas esperando seu "bolsa-família" por favor se toquem. Se é dada a oportunidade de estudo ninguém vai simplesmente ignorá-la por mera preguiça ou porque o presidente falou que a "educação não serve pra nada". E bolsa não preenche fome de outras coisas (eu nunca na vida quis citar Titãs com isso).
A resolução do exercício é simples. Contanto que ambos os presidentes sejam eleitos democraticamente eles são equivalentes. Se para você a competência funda-se na educação e você votou pensando assim, sem problemas. Agora, pensando reflexivamente, o Lula como presidente significa o que? Que muitas pessoas não adotam o mesmo critério que o seu para votarem. Alguns vão pelo binário amigo/inimigo, outros pelo cargo, muitos pela ideologia. Felizmente, nós não temos controle sobre as finalidades (interesses) de cada um imprimidas no seu voto. E é aí que reside a grande sacada da democracia neste caso, ela isenta o jogo de interesses e fornece à maioria uma vitória. Se você quer resolver o absurdo de se ter um presidente não graduado primeiro você tem que providenciar a noção, ao menos, de que a educação irá resolver, emergencialmente, os problemas que assolam uma maioria no nosso país. Ou senão você pode também subverter os ditames democráticos, fica a seu critério.
Pra mim presidente tem que ser eleito democraticamente, a formação dele de forma alguma há de ser pré-requisito para o exercício de um cargo de representatividade. Se fosse assim, seria anti-democrático. Opinião pessoal? Eu votaria num economista, agora o porquê disso já são outros 500.

Sugestões de leitura: "O famigerado" - Guimarães Rosa.
"Ler não serve pra nada" artigo do Diogo Mainardi.

trava-língua - fernando II

"Jamais caberá a todos praticar o uso correto de uma gramática quando não são dadas às ferramentas necessárias para a aquisição deste status."

Dá para ser mais óbvio?!? O meu ponto: todos devem estar CAPACITADOS para fazê-lo. Nem questiono de quem seja a responsabilidade por essa capacitação. Iniciativa pessoal? Pública? Privada? O ponto do argumento não é esse.

Não devemos aspirar por uma inteligibilidade nichada, para substratos universais específicos, mas sim por uma universal. Você deseja que continuemos nesse mundo de disparidade social, cada classe com o próprio dialeto, e o pobre, especificamente, cada vez mais marginalizado? Você REALMENTE acha que o conhecimento da língua não serviria como elemento de inclusão social? Idealmente, todos deveríamos estar capacitados para a leitura de um livro, de um jornal ou mesmo para a compreensão de um maldito horário político, e não somente para a conversa coloquial com os vizinhos.

"ele não se desdobra em políticas públicas avessas à educação, ou um "desprezo" quanto ao repasse financeiro destinado a este setor..."

Sério?!? Você tem visto TODOS os resultados da nossa esplendorosa educação ante os outros países? Você já viu aquele estudo recente que compara a receita tributária total com o investimento em educação? E a qualidade desse investimento, então? Quer olhar a prioridade dada a essa área por Chile e todos os Tigres Asiáticos, e a clara repercussão de tal iniciativa em suas economias e sociedades, e compará-la ao que acontece por aqui? A equação do investimento Estatal em educação, saúde, infra-estrutura, segurança pública, etc, é, POR EXCELÊNCIA, a responsabilidade primeira do presidente, senhor do Poder Executivo. Pode ter certeza de que suas decisões nessa seara, assim como nas outras, são guiadas por crenças, dogmas, valores pessoais.

"se é que existe..."

Sim, existiu. Não há necessidade de mencionar postura, ações ou não-verbais. O Lula falou isso, em várias ocasiões. Lembro-me especificamente de uma vez no rádio, em 2006. O resto da lista deve-se lembrar de outras.

"A resolução do exercício é simples. Contanto que ambos os presidentes sejam eleitos democraticamente eles são equivalentes. Se para você a competência funda-se na educação e você votou pensando assim, sem problemas."

Não me venha com sofismas. Nunca disse que a competência funda-se TÃO SOMENTE na educação. Caráter, bom-senso, inteligência interpessoal, raciocínio e cognição, repertório cultural - podemos enumerar novecentos fatores que determinam a competência de um presidente. Muitos, por sinal, aprimorados com a educação.

Fiz apenas uma mera provocação, não respondida por você. O mesmo sujeito, no mesmo cargo, em duas realidades hipotéticas - em uma, ele não concluiu o ginásio; na outra, concluiu o ensino superior. Não questionei o mérito democrático ou a LEGITIMIDADE do sujeito - o fraco gancho da sua resposta -, apenas a COMPETÊNCIA do sujeito para solucionar os problemas inerentes ao seu cargo.

4.12.07

porque sou corintiano e fiquei feliz com o rebaixamento

Sou corintiano e queria, sinceramente, que o Corinthians caísse. Por esse pequeno fato, estou feliz; pelo quadro todo, o absurdo desse processo endêmico que culminou nesse final de semana, é óbvio que estou triste.

Hoje em dia, não enxergo sentido em torcer por um time de futebol. Como achar identificação em plantéis que mudam a cada 6 meses, ou em torcedores dos mais diversos substratos sociais, sem qualquer tipo de valor principal, coesivo, maior do que cada indivíduo. Não há uma causa por trás de um brasão. Não há mais times de operários, times de uma cidade - com jogadores e comissão técnica nascidos lá -, times com algum traço de personalidade - esse é sofisticado; aquele, aguerrido. Por isso, após a correnteza adolescente de debates em classe de aula e programas futebolísticos em família, já não torcia muito para o Corinthians.

Mas o tempo ainda piora a situação: constanto, cada vez mais, que perder a cabeça com algo tão inócuo aproxima-se de fanatismo religioso. É culto ao nada ou desculpa para submergir-se na anonimidade do coletivo e agir feito um animal, arrumando brigas em bares, jogando copos de urina nos outros e vivendo extremos emocionais que carecem de qualquer racionalidade. As pessoas realmente precisam de manuais, códigos e protocolos; mais importante, precisam fazer parte de algo, sempre.

Mas, especialmente, não me importei com o descenso do Corinthians porque, na minha cabeça, torcer para ele seria como compactuar com tudo aquilo que mais desprezo: corrupção, sujeira, práticas escusas. Torcer para a obra dessa administração seria como torcer por traficantes, sequestradores, estelionatários. Não, eu não quero o sucesso dessa gente, nem dessa escola antiquada da malandragem que macula o futebol brasileiro. Qualquer tipo de castigo - prisão, exclusão ou uma queda para a segunda divisão - cai bem aos meus olhos para bandidos.

Tenho dó dos jogadores, que não faltaram com esforço, mas recursos técnicos. E, óbvio, tenho alguma pena da torcida, que realmente, mesmo que de forma cega, dedica sua vida à bandeira alvinegra. Mas, nesse final de semana, creio que houve justiça, mesmo que por uma vez, no nosso futebol.