30.7.07

jornalismo colaborativo

Uma dupla de jornalistas do The Guardian realizou uma investigação global de 5 anos sobre um esquema milionário de propinas entre a BAE, gigante inglesa do segmento bélico e quarta maior empresa do mundo, e a realeza da Arábia Saudita.

O detalhe mais fascinante sobre a história: ao invés de publicarem a investigação no jornal ou escreverem um livro sobre o assunto, a dupla criou um website, BAE Files, sem restrições de formato e espaço, com todos as evidências e documentos encontrados, e de braços abertos para colaborações de jornalistas do mundo inteiro.

Para um esquema de proporções épicas e abrangência multicontinental, uma dupla de jornalistas e uma capa de jornal não bastam. Uma iniciativa como a do BAE Files permite o aprofundamento no assunto, a investigação coletiva de gente presente no itinerário do caso e a atualização constante e imediata a cada achado, ao invés de retratos estáticos e fechados, sacramentados no formato impresso. Taí o futuro do jornalismo.

Para saberem mais sobre o assunto, leiam essa matéria da Press Gazette.

26.7.07

25.7.07

mais para porco do que para lula


Em um evento no Pará, Lula, após abocanhar um bombom de cupuaçu, jogou o seu embrulho no chão.

Em um Estado laico, o presidente deveria ser o compasso moral da população, correto?

deixa eu ver se entendi

Você usa a privada suja, aperta a descarga suja, abre a torneira suja da pia suja, para então lavar as mãos (adivinhem) sujas. Agora, com as mãos limpas, você fecha a mesma torneira suja - o primeiro lugar no qual todos põem as mãos após o serviço - e, não satisfeito, ainda abre a maçaneta ou trinco sujo do banheiro.

Qual seria o propósito de lavar as mãos, então, senão o de aliviar a consciência?

Sob essa luz, aquelas torneiras com sensor não parecem tão afrescalhadas. De fato, o banheiro deveria ser uma zona telecinética, jedi, sem as mãos: descarga com comando de voz, pia com sensor, secador de mãos... Em princípio, somente a porta poderia ter um botão de abertura, afinal, sempre seria usada após a lavagem das mãos... Mas nunca podemos ignorar o potencial espírito de porco da nossa espécie - dê uma olhada ao seu redor.

Idéia de um milhão de dólares (*drumroll*): UMA PORTA DE BANHEIRO COM UM MECANISMO DE ABERTURA INTERNA COM OS PÉS.

Vou largar família, namorada, amigos, cachorros, trabalho e país para inscrever-me no American Inventor. Só preciso de uma história triste para comover os jurados - talvez um discurso sobre como, pela busca do meu sonho, larguei família, cachorro, trabalho...

24.7.07

opa! melones!

morte por cafeína


Segundo essa calculadora aqui, seriam necessárias ou 154 latas de Red Bull, ou 104 latas de Burn, ou 160 xícaras pequenas de café espresso, ou 357 latas de Coca, OU SOMENTE 44 CAFÉS GRANDES DO STARBUCKS, para eu bater as botas por overdose de cafeína.

Será que algum yuppie frustrado já tentou abotoar o paletó em um Starbucks? Com um laptop a tiracolo, você poderia: fazer o cálculo da overdose, na hora, combinando diversas bebidas do Starbucks, para evitar enjôos; enviar sua carta de despedida aos contatos do gmail e deixar mensagens crípticas em seus profiles de comunidades virtuais; gravar vídeos no YouTube, enviar atualizações para o seu twitter ou fazer um lifestreaming (ou deathstreaming?) da sua degradação...

Um lampejo de vazio, coisa simples de acontecer em um local desses, e pronto. Suicídio executivo, web 2.0, ironicamente amparado pelo seu próprio pretexto. User-generated demise.

19.7.07

18.7.07

esse país não dá valor à vida

Acidentes nas estradas, latrocínios, não-atendimento em hospitais públicos. A leviandade governamental sempre causou mortes, mas de forma indireta. O dinheiro escoado da saúde, da educação, da infra-estrutura e da segurança pública eventualmente repercute em óbitos, mas estes pouco chocam a população: a concatenação causa-efeito é difícil; as mortes, mesmo constantes, são pulverizadas, silenciosas, sem fogos de artifício; a culpa sempre sobra para um coletivo indefinido, o sistema, eles - cadê a cara do bandido para cuspirmos nela?

Agora, vejam só, chegamos ao ponto em que politicagens, propinas, birras e interesses pessoais causam, diretamente, a morte das centenas de pessoas envolvidas na tragédia do vôo 3054, da TAM.

A situação não é tão extraordinária quanto parece. Brasileiro é leviano, egoísta, preguiçoso. O mesmo princípio do sujeito que fura fila, joga lixo na rua e pára na faixa de pedestres está aí, intacto, apenas em um cenário extremo, no qual as ações têm consequências magnificadas. Por que achar que a turminha envolvida nessa história não agiria conforme o que vemos nas ruas, todos os dias? A podridão vem do berço, endêmica, alimentada por um círculo vicioso de práticas e valores inconsequentes, de pai para filho, de colega para colega, de patrão para empregado.

Tento fazer a minha parte, todos os dias, sem exceções. Não roubo, não mato, não tiro vantagem, respeito as pessoas, trabalho para ganhar o meu dinheiro, poluo pouco, reciclo. Até pago os impostos, mesmo contrariado. No Brasil, país dos espertos, sou o chamado "tonto". Mas bastava saber que estava provavelmente certo na minha postura. Não mais.

Hoje, quero ir embora desse país. Quero que esses ufanistas do Pan fiquem aqui, para trás, levando bala perdida, caindo de avião, pagando imposto para nada, enquanto cantam o Hino Nacional, bebem uma caipirinha e acham que deus é brasileiro.

4.7.07

correnteza

Don't be like me. Salvation doesn't lie within four walls. I'm too serious to be a dilettante and too much a dabbler to be a professional. Even the most miserable life is better than a sheltered existence in an organized society where everything is calculated and perfected.

3.7.07

chloe sevigny vai à chopperia liberdade...


...because it's oh so ironic.

tokyo cuisine club

Indie rockers making migas

lou fai




Nove sujeitos da remota Dakota do Sul, provavelmente os únicos indies dentro de um perímetro de 200 km, decidem pagar tributo à banda de suas vidas, Broken Social Scene. Juntam trocados, compram uma pilha de instrumentos velhos e decidem, no palitinho, o que cada um tocará. A técnica é um mero detalhe: o que importa é registrar as melodias que latejam no consciente coletivo. Fazer, acima de tudo. O ótimo é o inimigo do bom. Se não sabem arpeggios ou escalas pentatônicas, que, pelo menos, toquem com o dobro de energia. Porque a música, acima de tudo, deve ser emocional, calorosa. Dez notas dentro de um segundo não movem as pessoas como corais entoando ba-ra-ra-ras em pura entrega litúrgica ou 9 instrumentos no volume máximo, baixando, ainda mais, o lo-fi da gravação, mas deixando clara a maneira como cada um dos We All Have Hooks for Hands vive de melodia e emoção.